Friday, January 30, 2009


REVOLUTIONARY ROAD

Poucos filmes têm o dom de me tocar e emocionar. Não sou um público muito fácil. É preciso conseguir projectar em mim qualquer coisa profunda (normalmente permitir que me reveja no ecrã), ser bastante bonito ou fazer-me reflectir bastante sobre o sentido da vida, digamos assim. Revolutionary Road foi para mim tudo isto. Desde Match Point de Woody Allen que não chegava ao fim de um filme com esta sensação: a meio caminho do choro mas interrompido pela sensação de estupefacção em relação ao que acaba de passar diante dos meus olhos. Pode parecer bastante óbvio, mas Revolutionary Road é um filme fantástico porque é bom em três coisas fundamentais: argumento, realização e actores.

ARGUMENTO
Revolutionary Road é adaptado de um romance de Richard Yates, com o mesmo nome. Mesmo sem ler a obra, arrisco adivinhar que é bastante boa, supondo que o enredo do filme é retirado de lá. Mas um argumento adaptado (e agora escrevo isto sob a forte influencia das aulas que ando a ter, e tendo completa noção que ainda não sei nada de nada sobre isto – é quando mergulhamos nas coisas que percebemos a sua profundidade e a nossa vasta ignorância) é muito mais que uma mera transcrição da obra para o ecrã. Este é um filme que não desperdiça tempo. As primeiras cenas revelam-nos personagens bem construídos, complexos, humanos e num instante nos colocam a par do grande drama que vivem e como lá chegaram. As primeiras cenas de Revolutionary Road poderiam estar a meio do filme. Mas não estão, porque este é um filme sobre as tentativas para salvarmos as nossas próprias vidas e não sobre como as desperdiçamos. E mesmo assim, cada cena é pertinente, cada cena nos permite perceber o “vazio angustiante” em que se move o casal Wheeler e as transformações – em alguns casos sublimes, outros nem por isso – que a salvação, em primeiro lugar, e a redenção, em segundo, provocam no casal.

A REALIZAÇÃO
Sam Mendes é aqui dono de uma realização subtil e eficiente. Eficiente porque às tantas nos parece que os actores são a alma do filme e que é por eles que nos angustiamos. Mas um olhar mais atento perceberá que não é bem assim. O realizador faz um trabalho magistral em todas as cenas, tomando, ao longo do filme, diferentes opções adequadas a cada momento, mas que não chocam a integridade do mesmo enquanto unidade que conta uma história. Sam Mendes dá-nos o que cada cena tem para nos dar – e têm tanto – mas não nos deixa sair da linha contínua que é a história daquele casal, e é essa linha que nos perturba.

OS ACTORES
Kate Winslet e Leonardo Dicaprio. Não sei quantos anos depois do Titanic. Dois actores que não ficaram por ali e seguiram duas carreiras brilhantes. Kate Winslet fez-se logo à vida, Dicaprio às tantas parecia (ou parecia-me) não ter muito para dar enquanto actor. Mas já nos apercebemos há algum tempo dessa falsidade. Revolutionary Road tinha que ter dois bons actores nos papeis principais, ou não funcionaria. E teve. E mais do que isso, Winslet e Dicaprio estão excepcionalmente bem. E o melhor é que agarram os dois as cenas ao mesmo nível – way up high – e são eles que nos arrebatam. Ela está ao nível o Globo de Ouro - se mereceu não posso dizer porque não vi os filmes das concorrentes todas – e ele prova aqui, mais uma vez, ser um dos melhores actores da sua geração. A cena do pequeno almoço – brilhante! brilhante! brilhante! -, perto do final do filme, mostrou-me talvez um dos melhores actings que já vi.

OS PERSONAGENS/ACTORES
Os personagens secundários são isso mesmo. Secundários. Em nada fazem a acção do filme andar para a frente. Mas estão lá como a última peça do puzzle que nos faz mergulhar no “vazio angustiante” daquelas vidas. E fazem mesmo. Principalmente porque os actores são muito bons. Saltam à vista Zoe Kazan, com um papel muito pequeno mas uma presença fantástica e totalmente adequada ao papel, e, claro, Michael Shannon que interpreta John Givings, personagem que funciona aqui como a “voz da consciência” que vem clarificar os pensamentos dos Wheeler – primeiramente confirma a sua necessidade de se salvaram, depois é a prova de que já não há salvação possível. Um papel de “maluquinho”, daqueles que abre portas para os Óscars - Shannon está mesmo nomeado para actor secundário. E a verdade é que merece.


Revolutionary Road não está nomeado para os grandes Óscars – as suas nomeações restringem-se a Melhor Actor Secundário, Direcção de Arte, Guarda-Roupa. Acho injusto. Dos nomeados a melhor filme já vi O Estranho Caso deBenjamin Button e Frost/Nixon, e considero o argumento e realização de Revolutionary Road bastante melhores. Talvez o filme seja mais angustiante do que dramático, e isso é pouco Hollywood. Seja como for, é um dos filmes mais bonitos que já vi.

A ÚLTIMA CENA
Sem palavras.

Tuesday, January 27, 2009

The real stuff



Excerto da entrevista (real) de Frost a Nixon. A quem quer ver o filme e ainda não o fez, aconselho que veja o video depois. É engraçado como o grande plano tem mesmo um poder tão grande. Como, em televisão, um momento pode valer tanto como a redenção ou o exílio eterno.

PS: estão filmes tão bons agora nas nossas salas, não estão? 

Sunday, January 25, 2009

sons em lisboa (24.01.09)



senhor mistério - Av. da Liberdade





Lula Pena e Norberto Lobo - ZDB

Friday, January 23, 2009

When I grow up...


... quero escrever filmes tão bem como o Woody Allen. E ter actores tão bons como estes a fazê-los.

Thursday, January 22, 2009

oscar vs. golden globes - o peso dos personagens

Pelo que acabo de ler no site dos Oscars, Kate Winslet é nomeada ao Oscar de melhor actriz principal pelo mesmo papel ao qual estava nomeada para um Globo de Ouro de melhor actriz secundária (o qual ganhou). Já o papel que lhe valeu o Globo de Ouro de melhor acriz principal, não é para aqui - leia-se para os Oscars - chamado.

Escrevo isto só porque acho piada à forma como se pode encarar tão diferentemente a importância de um personagem num filme.

Tuesday, January 20, 2009

Monday, January 19, 2009

poema*

Tu estás em mim como eu estive no berço
como a árvore sob a sua crosta
como o navio no fundo do mar

*Cesariny, mais uma vez. De volta à minha mochila com o Pena Capital.

Friday, January 16, 2009

Get it on!

Yesterday

Someone took my picture. 
And it was really well taken.

Friday, January 09, 2009

Vim do fim de ano Dali

A minha passagem de ano 08'-09' não foi perfeita. Não foi má, nada disso. Mas pessoas houve que resolveram chatear, coisas más e tristes aconteceram, e a malvada constipação a cair para a gripe resolveu aparecer. Mas, coisas muito boas também houve. 

Acho que posso visitar Barcelona uma vez por ano até ao final da minha vida - bem visto até pode acabar amanhã, hoje não que tenho compromissos logo à noite - que há sempre "mimos" a descobrir. Desta vez foi o Palau de la Musica Catalana (não se pode fotografar mas que é bonito bonito bonito) e o Museu Dali em Figueras, a 2 horas de comboio (com muitas paragens) de Barcelona. O Senhor não é dos que toca mais ao coração ou a outro sítio que seja, mas lá que o gajo era bom, era sim!


 

Thursday, January 08, 2009

Como é que eu me esqueci?

Que grande besta que eu sou! Esqueci-me do melhor filme que vi em 2008! A melhor surpresa, sem dúvida. Uma delícia. É bom, faz rir, faz pensar, é fresco, é despretensioso! E é português! Fantástico.

Tuesday, January 06, 2009

Olha que merda

A merda está aqui.
E o pior é que até acho que faz sentido. Mas lá que me ia dar um jeitão, ia. E, obviamente, que não iria abdicar do Medeia Card.

Son of Rambow


A primeira boa surpresa do ano. 
A segunda não é partilhável e também ainda não sei se é boa.

Monday, January 05, 2009

O meu 1º filme de 2009

EL INTERCAMBIO, una película de CLINT EASTWOOD
como visto nos cinema Renoir de Floridablanca, em Barcelona (daqueles poucos que deixam os actores falarem com as próprias vozes e colocam legendas em castelhano).

Uma Angelina Jolie e um Clint Eastwood no seu melhor, o que não quer dizer que surpreendam. Irrepreensíveis, portanto. É bom ir ao cinema em Espanha. De um lado as pessoas choram, do outro fazem figas e falam com os protagonistas convencidos de que vão ser ouvidas e terão um papel activo no desenlaçar do filme.

E as primeiras palavras-de-ordem do ano são:

PARACETAMOL

e

BUSCOPAN