Sempre me fez alguma "espécie" o facto de se chamar friends/amigos às pessoas que se ligam a nós nas redes sociais como o hi5 ou o facebook (já não tenho hi5, deixei de gostar no dia em que permitiram às pessoas escolher o fundo das suas páginas; fica sempre horroroso; é como o myspace). Para mim, sempre foi uma forma de deturpar o conceito de amigo: aquela pessoa que nos é leal, com a qual podemos contar, a pessoa que sabe tudo o que é importante saber de nós, que gosta de nós independentemente do nosso carácter ou da falta dele, etc. Há uma fronteira entre o amigo, o conhecido, o namorado e o colega. Para mim, essa fronteira não é uma linha ténue.
Ora, parece que as ditas redes sociais não colidem assim tanto com os conceitos hoje em dia estabelecidos para a palavra "amigo". Tenho vindo a perceber que, para muitos dos outros (todos os que não sou eu), ser amigo é ser conhecido, é ter sido apresentado, é ter contado uma piada, bebido uma imperial na mesma mesa...
Olha, caguei. Insisto em ter uma outra ideia do que é a amizade. Para mim, amigos hão-de ser sempre aquelas pessoas cuja vida é já um pedaço da minha, como um pedaço de músculo o é no meu corpo. Aquelas pessoas que partilham comigo códigos indecifráveis porque só na estupidez mais profunda em que nos juntamos é que podem fazer algum sentido. Aquelas pessoas a quem respirei em diferentes noites escuras coisas que só depois pude respirar para os outros. Aquelas únicas e poucas pessoas que me podem magoar. Sim, acima de tudo, aquelas poucas pessoas. É aí que está o valor das coisas.
5 comments:
Ainda não existia internet nem facebook nem Hi5 e já se tratavam os conhecidos por amigos. É só uma questão de português porque a verdadeira distinção está na nossa mente ou no nosso coração :).
a verdadeira distinção salta cá para fora.
:)
Afinal sempre percebes (algumas) das minhas reticências...
Apoiado!
Exacto! :')
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