Saturday, June 18, 2005

Fim

(A)tentados chegou ao fim. Sinto um enorme alívio e ao mesmo tempo um vazio. Uma espécie de "oposição interina no paradoxo do que somos" como alguém diria.
Durante meses atentámos contra nós mesmos. Deixámos mensagens no gravador da Annie. Falámos de monumentos como o Duomo de Florença ou o Arco de La Defense. De fé - fé em nós próprios. Perguntámo-nos se seriam pedras que enchiam aquele saco vermelho. Falámos de automóveis, de cinzeiros. Dissemos que a câmara ama e que ela não fuma. Chamámos-lhe terrorista, dissemos que era uma guerra contra os miseráveis dos paneleiros. Discutimos arte, a arte degenerada. Cantámos fado, demos-lhe chapadas sem nos questionarmos porque razão uma criança deveria estar em dois sacos em vez de num só. Tivemos medo porque ela pode ser qualquer um de nós, assinámos a declaração em como ela planta tomateiros em embalagens de margarina para os levar na sua bicicleta para festas com o intuito de os vender. Assumimos a pornografia como um modo de ter tudo sobre controlo. Especulámos essa coisa sobre o assassino, como ele inflingiu um total de 37 punhaladas na mãe daquela criança.
Balanço? Bem... positivo claro. Tenho a certeza de que fizémos um óptimo espectáculo. Difícil, seguro, intenso. Não agradámos a todos. Ainda bem. Acima de tudo atentámos contra os que nos foram ver.
Resta uma pergunta: será que salmão fresco pode significar "previamente congelado"?

1 comment:

Hugo said...

Parabéns! :P
espero que a oposição uterina te passe para vermos um novo espectáculo ;)