Tuesday, December 30, 2008



(No 708 para o Martim Moniz; excerto não editado)

Sr. xxxxxx, como foi ass...
Doutor.

Como?
Agradecia que me tratasse por Doutor.

Doutor xxxxxxx, como foi assistir de perto à Guerra da Geórgia?
Bem... foi um pouco... traumático talvez seja um termo demasiado forte. Quer dizer, assistir de perto a uma guerra, ouvir os bombardeamentos, ouvir os gritos, sentir de perto a angústia e o medo, é como se o pânico, ele próprio, gritasse através daquilo tudo, através do cheiro da pólvora e da gasolina queimada, é... quer dizer, não sei bem. Eu estava a muitos quilómetros dos confrontos, se é que lhes podemos chamar assim. Não vi, não ouvi, não dei conta de nada.

Mas como se sentiu estando num país estrangeiro, onde predomina um alfabeto que não domina, e mesmo se dominasse provavelmente não lhe serviria de muito devido ao medo instalado no seio dos media face a um regime totalitário democraticamente mascarado?
Bem, eu lia diariamente um jornal americano que era distribuído gratuitamente no sítio onde tomava o pequeno almoço, na Arbatskaya. O MacDonalds.

Qual foi, para si, o filme do ano?
Não sei... Posso escolher dois?

Não.
O Segredo de um Cuscuz e Darjeeling Limited.

Porquê?
Não sei.

E o concerto do ano?
Animal Collective no Lux, Portishead no Coliseu, Bjor...

Pelo desculpa, Doutor, mas pedi-lhe o concerto.
Não me interrompas que levas um murro na cara. Bjork no Sudoeste, The National na Aula Magna, Hércules Love Affair no Alive, Santogold e Lykke Li no Super Bock em Stock.

Pode referir alguns espectáculos que o tenham marcado?
Rir Tendo Consciência da Tragédia, pelos Há-Que-Dizê-Lo, na Casa Conveniente.

(silêncio)

E o espectáculo de sexo ao vivo num bar “underground-manhoso” em Amsterdão?
O que tem?

Não quer falar sobre isso?
Não.

O livro do ano?
O Sangue dos Outros, Simone de Beauvoir.

Mas e em relação a um livro que tenha sido lançado este ano...
Sei lá.

Dr. xxxxxxx, é verdade que neste ano que termina não teve quaisquer problemas em criar momentos, digamos “humorísticos”, em torno da desgraça alheia? 
Não sei. Do que está a falar?

Estou a falar por exemplo de cancro, leucemia, deficiências profundas, amputações, crimes praticados impunemente, esterilidade, bipolaridade, a transexualidade, depressões profundas, a crise financeira e a crise moral que se abate sobre as nossas famílias?
É verdade.

O que sente em relação à morte de Heath Leadger?
O que sinto? Nada. Mas gostei muito do Joker que fez.

E no campo profissional, como se sente após ter sido cruelmente despedido e deixado à angústia de um futuro incerto? É do conhecimento geral que para pagar a renda de casa teve de recorrer a trabalhos esporádicos, como fazer de duende...
Queres levar um murro, não queres?

E a sua casa nova? É verdade que o tecto veio a baixo?
Infelizmente não o posso negar.

Concretizou tantos projectos quanto gostaria em 2008?
Não, nem por sombras. Mas aprendi muitas coisas novas. E em 2009 vai ser o ano. Ai vai.

Eu não acredito muito nisso.
E tu és paneleiro, gordo, careca e ateu.

É verdade.
Eu sei.

Para finalizar, quer falar-nos da sua passagem de ano?
Sim, posso falar. Eu acho que a passagem de ano não é apenas um motivo que inventamos para nos embebedarmos. Acredito mesmo que certos rituais têm uma importância significativa na nossa vida, sejam eles os casamentos, baptizados, funerais, promoções, festivais de música, a Pascoa ou o Natal. E o fim de ano também, claro. São os dias de reflexão, de rever o que atingimos, o que ficou aquém das expectativas. De ir tomar banho ao mar, porque não? Porque não. Sim, porque não até me parece uma resposta bastante adequada. Enfim, por isso acho importante retirar-me nestes dias para pensar na vida. Na minha vida. E é por isso que gosto de ir para longe, para ouvir os meus pensamentos e meditar neles. Este ano vou para Espanha.

Tuesday, December 23, 2008

Um amor difícil

Era uma vez um homem e uma mulher que queriam formar família. Ele era estéril e os óvulos dela já saiam estrelados.

Monday, December 22, 2008

Pró Bono


O trabalho sabe melhor quando não é remunerado. Essa é que é essa. 

Calendário Cadin 2009.

Lisbon Film Orchestra

Lisbon Film Orchestra, Cinema São Jorge, 20 Dezembro 2008

Assistir a uma orquestra a interpretar temas músicais de filmes é perceber a importância da banda sonora no contar de uma história. É perceber que o Indiana Jones não seria o Indiana Jones sem aquela música, que o ET não teria o mesmo encanto sem a dele e que tão importante como a capa do Super Homem é a música que o acompanha  nos voos ou quando faz girar o mundo ao contrário para ressuscitar a Louis Lane. 

Friday, December 19, 2008

Tuesday, December 16, 2008

It's life. And it's really really happening. Right now.*


*título roubado ao guião de "Me, you and everyone we know" da grande Miranda July

Monday, December 15, 2008

Regresso à Infância

Este sábado dei por mim de volta ao sítio que anualmente ia marcando a minha infância. Ao sítio onde todos os Natais se realizava a festa de Natal da Escola (seja qual for a Escola em causa, são todas lá). Ao sítio onde fiz de relógio (o que dá as 12 badaladas), um papel muito importante. Tão importante que o facto de me ter enganado e dado 13 badaladas ainda me persegue até hoje, e quero acreditar que também a todos os que se encontravam na sala. Este Sábado voltei aos Bombeiros Voluntários da minha cidade Natal. Desta vez para ver a minha sobrinha e para analisar tudo aquilo com olhos de um ver distante. E, fosse eu crente, exclamaria: oh meu deus! 

Não existem palavras para tanto pai a babar com os dotes artísticas (que, garanto-vos eu, não existem!!!) dos filhos. Para os atropelos na tentativa de conseguir o melhor lugar para filmar. Para as educadoras envergonhadas em palco. Para a mesa da comida. Claro que há estas palavras, mas elas não conseguem descrever a sensação de ter outra vez cinco anos, olhar para aquela sala e aquelas pessoas à nossa volta e ter vontade de gritar: mamã, quero ir para casa!





Friday, December 12, 2008

Andrew Bird - Noble Beast


E ei-lo de volta. Vamos lá ouvir.
O Estúdio fechou as portas. Os actores foram despedidos. Chamaram-lhes canastrões, desequilibrados, gordos, amadores e "artistas". Com aspas. Com entoação irónica e/ou sarcástica. Foram para casa - os actores - e criaram blogs. Escreveram livros. A internet ganhou pó e as editoras faliram. 

(Oh, a crise.)

Os actores encostaram as costas da mão direita à testa. Inclinaram ligeiramente a cabeça para cima. E assim, com o braço no ar e pose dramática e dignificante, saíram em protesto silencioso.
No Marquês de Pombal encontraram-se com os publicitários que vinham em marcha da Duarte Pacheco, com o Sindicato dos Jornalistas que descia a Braancamp e com os revolucionário do Cinema que subiam a da Liberdade. Do Saldanha chegava o shuttle do Aeroporto com sotaque londrino. 
Misturaram-se e confundiram-se. 
No meio estava eu. Segurava um cartaz.

EU VENHO À VOSSA FRENTE.
EU OLHO PARA AS VOSSAS COSTAS.

Thursday, December 11, 2008

Cinderella

Chegar a casa e isto


Virar costas e ir embora.

Não se enganem. É sob isto que vivemos. Não sob a tinha robialac ou dyrup que achamos fantástico quando a máquina as mistura à nossa frente para formar a exacta referência que queremos. Não se enganem, que eu também não.

Wednesday, December 10, 2008

"Mas a música erudita
não faz grande efeito em mim:
do CCB, gosto da vista;
da Gulbenkian, o jardim."

em Fon Fon Fon, by Deolinda

Tuesday, December 09, 2008

NOOOOOOOOOOOJO



Andam estes senhores com uns Reis Magos tão giros na televisão para depois se sairem com isto!

Sirigaitai iupi iupi ai que falta de noção!

Friday, December 05, 2008

E ontem..

Quando já estava convicto de que Santogold tinha sido o último grande concerto do ano, eis que isto:

Lykke Li - Breaking it up (Teatro Variedades, Lisboa)

Lykke Li - Dance Dance Dance ao som de Vampire Weekend (Teatro Variedades, Lisboa)

Crime, disse ela!*


(nick censurado): (12:54:36 PM)
uma festa cheia de criativos nunca é glamurosa

(nick censurado) says: (12:56:23 PM)
tens uns bem vestidos, tens outros freakobemvestidos

(nick censurado) says: (12:56:51 PM)
e tens os calças largas e t-shirts com frases estranhas

(nick censurado) says: (12:57:18 PM)
e, se a festa tiver brasileiros, com sorte ainda apanhas havaianas


*nota: com "criativos" ela refere-se à classe de trabalhadores que entope com coisas supostamente giras as nossas ruas e os nossos intervalos televisivos. note-se também que ela dedica parte da sua vida ao estudo desta classe.

Thursday, December 04, 2008

Ontem à noite

Ladyhawke - Paris (esta é pra l.b. que lá deve estar agora - em paris- e que me tocou à campaínha hoje, ainda não eram 8h, para lhe ir estacionar o carro).


Santogold - esta senhora superou as expectativas que já iam altas, ela e as duas amigas que roubaram a atenção quase toda.

El Perro Del Mar - e esta senhora tem uma voz muito muito muito bonita.

Wednesday, December 03, 2008

Tuesday, December 02, 2008

Algumas particularidades...

(foto roubada daqui, uma vez que tinha a máquina estragada. Mais tarde, no  mesmo dia e brutalmente enraivecido pelas magnificas fotos que nao pude tirar no Congresso, dei porrada à maquina e, voilá, que voltou à vida)

Ontem, na Praça de Touros Campo Pequeno, 18º Congresso do PCP. Milhares de pessoas de punho ao alto e movimentos sincronizados gritavam viva, a luta continua e assim se vê a força do PC.

Não querendo ser político, e menos ainda irónico ou sarcástico, mas com uma enorme curiosidade e vontade de aprender, pergunto:

a luta?
continua?
que luta?
continua desde quando?desde onde?

Entretanto, o Partido Comunista na Rússia: