Friday, August 31, 2007

a impossibilidade da verdade*

elas saem da boca como o oxigénio do nariz (e da boca também). mas o ar corroi as palavras como o ferro e elas chegam à outra margem enferrujadas: o interior do local onde se colocam as pilhas num qualquer brinquedo esquecido na nossa infância. por isso a única verdade possível é aquela que só nós sabemos. é aqui que verdade e realidade se distinguem. a realidade são muitas verdades espalhadas por aí. estamos nela mas nunca estaremos em toda ela.

é sabendo isto que não conseguimos acreditar, confiar. é esta a lucidez que nos fode.

*em resposta a isto

4 comments:

Lagosta said...

é sermos individualidades, por mais que insistem na cena de sermos uma comunidade. tretas porque na prática só sentimos aquilo que sentimos e não o que os outros sentem, mesmo quando passamos por situações idênticas.
gostei da frase "a realidade são muitas verdades espalhadas por aí."
faz todo o sentido, para mim.

Sónia Balacó said...

A minha resposta a isso já está escrita: é a mesma a que respondes neste post...

Anonymous said...

lúcido sim, mas não esclarecido o suficiente...
...eu explico:
inspiramos oxigénio e
EXPIRAMOS dióxido de carbono
portanto:
"elas saem da boca como o dióxido de carbono do nariz..."

:)

rednosedraindeer said...

anonymous: isso é demasiada ciência e pouca poesia na vida.

dióxido de carbono é feio porra. mas os folhetos a explicar a asma às criancinhas são piores.

:)